Tive um dia difícil nos cuidados intensivos, com dois pacientes críticos. Mesmo fazendo o que podia, senti que estava perdendo o controle sobre suas vidas. Ao final do turno, passei o plantão para uma colega competente e decidi dar uma caminhada para clarear a mente.
Fui até a Praia da Luz, na Foz do Douro, onde há uma varanda em forma de meia-lua. Sempre gostei de olhar para o mar e refletir sobre a vida neste lugar. Naquele dia, o sol brilhava e as ondas estavam imponentes, desenhadas pelo vento leste. Enquanto observava essa imensidão, uma mulher se aproximou e perguntou se eu estava bem.
Fiquei surpreso com a presença dela e demorei alguns segundos para responder, pois estava perdido em seu olhar. Acabei dizendo que estava cansado, mas feliz por estar ali. Ela sorriu e foi embora, enquanto eu continuei admirando sua silhueta.
Alguns dias depois, tive a sorte de encontrá-la novamente em uma rua movimentada da Baixa do Porto. O encontro foi como um imã, e nossos corpos se aproximaram por vontade própria. A partir desse momento, sabia que ela seria a última mulher da minha vida.
Passamos um mês cheio de amor e paixão, em que o tempo parecia não existir. Não sabia quanto tempo ainda tínhamos juntos, mas isso não importava. O momento presente era suficiente.
No final de uma noite especial, ela me disse que tinha uma doença terminal. Sem hesitar, respondi que queria que ela fosse a última mulher da minha vida.
Essa história de amor nunca aconteceu, está apenas no título. Mas se você leu até aqui, talvez tenha sentido o que eu senti ao escrever. E se sentimos, é porque há alguma verdade nisso.
Estamos tão presos ao que acontece
